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AVALIAÇÃO DE RESPOSTAS CEREBRAIS DURANTE A INTERAÇÃO INTERPESSOAL EM GRUPOS: teste de viabilidade de um protocolo experimental com desenho colaborativo

Valéria Gonçalves da Cruz Monteiro

Introdução: A interação interpessoal é um componente importante dentro do processo de criação de vínculos empáticos. Grande parte do conhecimento sobre este comportamento e seus correlatos neurais, entretanto, advém de estudos que utilizam abordagens de pessoa única ou segunda pessoa, isto porque a experimentação naturalística em dinâmicas sociais de grupo apresenta diversos desafios metodológicos. Objetivo: Desenvolver um protocolo experimental naturalístico para avaliação de respostas cerebrais e comportamentais durante a interação interpessoal em grupos utilizando uma dinâmica de desenho colaborativo. Métodos: O protocolo consistiu na utilização combinada da técnica de fNIRS, para avaliação das respostas hemodinâmicas do córtex pré-frontal medial (área cerebral previamente relacionada à cognição social), e da observação baseada em vídeo, para mensuração de comportamentos de interação social. Foi desenvolvido um paradigma de desenho em bloco nos quais uma condição social foi comparada a uma condição controle não-social. A condição social foi inspirada em uma atividade de dinâmica de grupo naturalística (i.e. desenho colaborativo). A factibilidade do protocolo foi avaliada em quartetos de jovens desconhecidos. Para descrever as respostas comportamentais de interação, foram utilizadas métricas de olhares compartilhados derivadas da análise de vídeo. Métricas de desenho quantitativas e qualitativas foram utilizadas para caracterizar habilidades individuais. A amplitude das respostas hemodinâmicas e sincronização dos sinais obtidos com o fNIRS foram utilizadas para caracterizar os correlatos neurais. Resultados: Das 4 coletas realizadas, um quarteto foi excluído por controle de qualidade dos sinais de fNIRS, e dois por problemas técnicos da gravação do vídeo. Um maior número de olhares compartilhados foi observado na condição social do protocolo em relação à condição não-social. A complexidade dos traços de desenho apresentou diferenças qualitativas com o aumento progressivo da representação de detalhes oriundos da observação dos parceiros. A sincronicidade dos sinais cerebrais foi observada somente na parte final da interação. Conclusões: A execução do protocolo é parcialmente viável devido a fatores como a alta complexidade técnica em aferir simultaneamente múltiplas medidas de desfecho (comportamento de desenho, gravação de vídeo e sinais de fNIRS) e a alta demanda cognitiva da tarefa de desenho colaborativo. A partir destas observações, são descritas sugestões e alternativas para a melhoria do desenho do estudo em potenciais futuras aplicações.

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